A sua mßxima peculiaridade reside em ser um perfeito Balanτa que criou um personagem ainda mais Balanτa do que ele pr≤prio: George Smiley, quase um remedo da sua exata personalidade e um compΩndio de todas as caracterφsticas dos Balanτa mais genuφnos.
Jß John Le CarrΘ Θ um remedo de si pr≤prio, porque Θ simplesmente a alcunha com o que David Cornwell, nascido em Poole, Dorset, um 19 de Outubro de 1931, quase α beira do seu signo, se unge para dar vida ao terceiro heter⌠nimo, num baile de equilibradas personalidades (como corresponde a um Balanτa) que repetem as mesmas notas.
George Smiley, encarnado para a fama pelo ator Alec Guinness, Θ um homem do serviτo de inteligΩncia britΓnico que vΩ a sua vida misturada com a de um invisφvel rival soviΘtico e com uma esposa, lady Ann, que tambΘm serß utilizada no pavoroso jogo da espionagem e a ast·cia. Mas nπo Θ jogo limpo, porque as vidas humanas se vπo queimando uma ap≤s outra, e o bom Smiley, atraiτoado de dentro, se vai tornar cada dia mais cΘptico e mais temφvel como inimigo. Duvida do seu mundo e do mundo ao qual se op⌡e, porque Θ perfeitamente consciente de que a verdade, se a hß, nπo estß em nenhum bando preciso, s≤ nos seres que sπo honestos atΘ ao final; os poucos que, verdadeiramente, conseguem chegar atΘ ao ·ltimo segundo sem serem traidores aos seus princφpios. Este equilφbrio, apesar das tens⌡es, das contφnuas duvidas e do atroz sofrimento a que sπo submetidos os homens dos serviτos de inteligΩncia, os espi⌡es, sem poder confiar em ninguΘm, enganando os seus amigos (por necessidades de um serviτo no qual jß quase nπo acreditam) Θ o Γnimo de partida dos Balanτa mais conseqⁿentes; daqueles Balanτa que vΩem com claridade a total ausΩncia de luz no nosso mundo e continuam acreditando em ideias e ideais, em abstraτ⌡es eternas. Jß nπo se deixam enganar por conceitos manipulados e desconfiam da razπo dos seus sentimentos: s≤ sabem o que nπo lhes agrada para eles nem para os seres pr≤ximos e continuam atuando em conseqⁿΩncia, sem cederem no seu empenho. O nosso homem, o autor, estudou lφnguas modernas na Suiτa, no curso de 1948-49. Voltou para a sua Grπ Bretanha para estudar na Universidade de Oxford, no Lincoln College, do qual saiu em 1954. Nπo coincidiu, portanto, com o muito anterior Kim Philby e a sua gente, os britΓnicos que, movidos pelas suas ideias geradas dos dΘcadas atrßs, se infiltraram nos postos mais importantes do Serviτo Secreto britΓnico para trabalhar nele a favor da Uniπo SoviΘtica; mas o espφrito desta gente estß permanentemente em todas as obras de Le CarrΘ como devia estar no conjunto do Foreign Office onde trabalhou Cornwell/Le CarrΘ desde 1960, depois de ter ensinado no muito exclusivo colΘgio de Eton durante um par de anos.
Como se pode ver pela carreira de Cornwell/Le CarrΘ, a sua vida Θ muito sensata e ajustadamente enquadrada nas instituiτ⌡es de primeira fila; Θ o perfeito tipo de um Balanτa que, com ordem e mΘtodo, vai cumprindo as etapas marcadas. Por esta precisπo nos movimentos, por essa perfeita sincronizaτπo nos seus passos, Le CarrΘ pode depois montar um mundo de ficτπo tπo exatamente real. O seu ½Circus╗ Θ um decalco exato dos serviτos secretos britΓnicos, como o sπo outros departamentos ministeriais ou militares.
Os Balanτa sπo gente muito complexa, com todos os elementos possφveis, desde a maior doτura α mais crua dureza, e esta escala estß bem misturada na sua obra e nas suas personagens. Porque, alΘm de Smiley, toda a sua gente e os seus rivais sπo gente de carne e osso. Pessoas certas e tambΘm muito complexas; nπo hß nada de t≤pico no universo dos Balanτa, como nπo o hß na obra de Le CarrΘ. Os Balanτa sπo perfeitos estrategas, e o nosso autor Θ um excelente e perfeito personagem tßtico.
BALAN╟AS C╔LEBRES
╙scar Wilde, Gore Vidal, Sarah Bernard, Margaret Thatcher, Brigitte Bardot, Ives Montand, Marcello Mastroiani, Georges Clemenceau, Mahatma Gandi, Le Corbusier, Scott Fitzgerald, Bßrbara Streisand, T. S. Elliot...
